Perante o argumento de que a geração que agora emigra, predominantemente jovem, está muito mais bem preparada e protegida, apenas posso concordar em parte. É verdade que muitos têm cursos superiores e um manancial de competências, académicas e não só, que os separam dos emigrantes portugueses das décadas pré-25 de abril. Mas os desafios, os riscos, os receios e a vulnerabilidade não são substancialmente diferentes. Sobretudo a solidão - como se vive com a solidão de um desenraizamento forçado?
Pedro Abrunhosa e Camané cantam a saudade dos emigrantes de hoje, de ontem, de amanhã. Talvez, como povo, sejamos particularmente gregários e por isso mais dados à nostalgia. Ou talvez esta saudade não seja um essencialismo do "ser português" (sempre tão questionável...) mas a expressão de uma revolta (em jeito manso e contido) relativamente ao vazio de oportunidade neste nosso país, cada vez mais roubado a si mesmo.