sábado, 21 de julho de 2012

Avaliações e o que está em volta delas

Estamos em época de avaliações e não conheço um único professor que aprecie esta altura do ano, em que supostamente somos os juízes do esforço e do mérito dos estudantes, fazendo o balanço do trabalho de todo um semestre. É uma tarefa ingrata e com o seu quê de subjetividade, sobretudo em áreas como as que leciono, onde grelhas e cotações exatas não combinam com as competências solicitadas. Pior para mim, portanto.
A sucessão de oportunidades de avaliação - avaliação contínua, exame da época normal e exame da época de recurso -, se constitui uma oportunidade justa para os que, por múltiplas razões (nem todas atribuíveis ao próprio), precisam de mais tempo e mais treino para atingir os mínimos exigíveis, revela-se exasperante quando se vê que a comparência aos exames se faz com absoluta displicência. Por vezes, a impressão que dá é que o aluno "oferece" ao professor mais oportunidades para ser aprovado - não o oposto! - e que, portanto, se à oitava ou nona tentativa continua a registar-se uma nota negativa na pauta é porque, decididamente, o docente tem alguma coisa contra ele.
Vem isto a propósito das provas que tenho entre mãos, exames de recurso que têm de ser requeridos e pagos. Observo, com perplexidade, que vários não tentam sequer responder a todas as questões (correspondentes a capítulos centrais do programa), não leram os textos analisados nas aulas, e o pouco que fizeram foi tentar decorar, com muito cuspo ("escupe", como se dizia quando era crinça), alguns apontamentos disponibilizados na plataforma de e-learning.
Sem querer generalizar (até porque não são a maioria), não serão estas atitudes sinal de uma juventude educada na convicção de que os pais, os professores e toda a sociedade existem para os "servir" e de que o seu sucesso ou insucesso depende unicamente de terceiros? Quando se entrega um exame destes e se supõe que aquele tão pouco "talvez chegue", que capacidade de auto-crítica e auto-exigência fomos capazes, enquanto educadores, de (não) criar? Quais as consequências de uma geração amolecida pelo beneplácito do facilitismo?
Repito - não se pode generalizar. Mas é inevitável um sentimento de frustração, de impotência, de preocupação face ao nosso futuro comum. E é (também) por isto que eu e muitos professores não gostamos, mesmo nada, da época de avaliações.

sábado, 7 de julho de 2012

Percursos de Identidade - o livro, por fim

Saiu, está cá fora há algumas semanas, o livro que resultou da minha tese de doutoramento em Literatura Comparada, defendida em 2007. Foi um longo caminho até conhecer as páginas impressas - primeiro as tentativas junto das editoras "comerciais" (que dificilmente aceitam livros académicos com vendas reduzidas), depois o acolhimento pela Fundação Calouste Gulbenkian (sempre ela!), através de um concurso promovido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, tendo em vista a edição de textos universitários de ciências sociais e humanas.
Saiu, está cá fora, ainda que, pelas razões que se conhecem, o circuito de distribuição seja reduzido e a promoção da obra se encontre limitada à página da internet da livraria da Fundação Calouste Gulbenkian. De resto, assumida a opção de apresentar o texto praticamente na versão original (com algumas atualizações e correções pontuais), a limitação dos públicos é inevitável, que isto de teses com quinhentas e tal páginas...já nem se usa!
Estou orgulhosa, como é evidente, e partilho este "bebé" que tão longa gestação teve, quer na sua elaboração quer na sua apresentação pública. Aqui está, pois, com uma bela fotografia do Rui Campos, a quem aproveito para agradecer publicamente.